Como dizia no texto anterior desta série:
"Aquilo que os Partidos políticos continuam a ser incapazes de fazer, será feito pelos cidadãos-eleitores à medida que se vão despegando da pele aparelhista e da política clubista".
Esta realidade resulta da maturidade da democracia, da evolução do conceito de participação política e do enquistamento das forças políticas estabelecidas.
No passado Domingo foram entregues três boletins de voto a cada um dos eleitores de Lisboa que se dispôs a exercer a sua soberania. Cartolinas brancas, amarelas e verdes.
No tempo da obediência qualquer cidadão teria assinalado a sua opção de forma igual em todos eles mas o povo de Lisboa, ainda na ressaca da sua vontade de penalizar o PS por aquilo que considerou "arrogância da maioria", soube discernir o importante do supérfluo e na cartolina branca inviabilizou o mal maior, mandatando o executivo de Costa para decidir, retirando-lhe argumentos futuros para desculpas de falta de poder.
Depois pegou no voto verde, observou o que o rodeava e premiou ou penalizou os responsáveis, ao mesmo tempo que excluiu a possibilidade de ter à frente da sua Junta de Freguesia gente que pouco mais faz do que pregar e atrapalhar. Lembrou-se certamente de que "palavras, leva-as o vento" e que estavam a eleger gente para concretizar o seu bem-estar de todos os dias e moderar na Assembleia Municipal qualquer veleidade absolutisma.
Elegeu 25 Presidentes de Junta pela coligação de centro-direita, outros 23 pelo coligatório de centro-esquerda e mais 5 pela coligação vermelha-verde.
Finalmente escreveu no impresso amarelo como queria apimentar a Assembleia Municipal onde o executivo absoluto terá de fazer aprovar o mais relevante.
Elegeu 23 DMs do centro-direita, outros tantos do centro-esquerda, 5 fiéis da balança para que a balança pendesse para a esquerda e 3 animadores. O resultado de tudo isto foi o equilíbrio notável que obriga uma maioria absoluta sem desculpa de falta de quórum para aplicar o projecto de governação sufragado, a negociar com as minorias.
Digam lá se este povo é sábio, ou não e se as forças políticas não têm de começar a entender que os votos que lhes são atribuídos e de que eles têm de cuidar durante a vigência do mandato se resumem a fichas de avaliação onde as pessoas-poder classificam o desempenho dos seus mandatários.
É a civilidade e a cidadania a tomar conta da coisa. Os Partidos e os abstencionistas que se cuidem.
Resumo de mandatos na Câmara Municipal de Lisboa: PS: 9 vereadores (Um é o Presidente da CML); PSD: 7 vereadores; CDU: 1 vereador; BE: 0 vereadores
Resumo de mandatos na Assembleia Municipal de Lisboa: PSD: 23 deputados municipais eleitos + 25 PJF = 48; PS: 23 deputados municipais eleitos + 23 PJF = 46; CDU: 5 deputados municipais eleitos + 5 PJF = 10; BE: 3 deputados municipais eleitos
Juntas de Freguesia de Lisboa por Partidos PSD: 25 Presidentes de Junta PS: 23 Presidentes de Junta CDU: 5 Presidentes de Junta BE: 0 Presidentes de Junta
Nota 01: Para simplificar onde se lê (acima e em anexo) PS, leia-se Unir Lisboa e onde se lê PSD, leia-se Lisboa com sentido.